Este ano, nossa querida Mythos Editora completa 20 anos de existência! E, diga-se de passagem, são 20 anos bem vividos, fácil de constatar, mesmo para uma novata, como esta redatora. 

A história da Mythos pode ser desconhecida de muitos, mas é inspiradora: nas linhas abaixo escritas por Helcio de Carvalho, publicadas aqui, são como chamas para quem não acredita em seu próprio potencial ou que se deixa abalar facilmente por um problema. Estas chamas queimam qualquer dúvida que possa surgir em nossas cabeças que “algo é impossível”. NÃO. Definitivamente não. Para tudo há solução e há quem diga, que até mesmo na morte, muito se resolve, o que, embora tétrico, é verdadeiro.

Mas entre biscoitinhos e docinhos com muito bang bang, pow, bam e kabuns, está aqui nosso imenso carinho pela Editora que faz nossa alegria. E devo dizer que o aniversário é dela, mas o presente é nosso! 

E foi graças a este ímpeto que tomou conta dos parceiros Dorival, Helcio e Franco, que hoje podemos desfrutar de Tex, Zagor, Julia K., e tantos outros heróis e super-heróis que a Editora traz tão majestosamente, apesar de toda dificuldade que assola nosso país. 

Porque não ajuda-los diretamente? Porque não sermos responsáveis, conjuntamente com estes grandes homens por mais décadas de história?!

Por isso, meus amigos, é importe divulgar estas simples, mas grandiosas linhas, para que inspirem novos expoentes, para que refresquem as memórias mais fracas, e que, principalmente, mostre para você, leitor, que a Mythos não está aqui de passagem: vida longa a Mythos, e parabéns aos queridos Dorival, Helcio e Franco que abriram as portas tridimensionais da cultura e da imaginação!

PARABÉNS!

E para que nunca deixe esta casa literária! 🙂

O ano era 1997. O mês, maio.

O Estúdio Art & Comics, sob a batuta do Dorival e minha, já tinha percorrido um longo e glorioso caminho desde sua fundação, em 1986.

Inicialmente criado para produzir revistas que a Editora Abril, na época, não tinha condições de fazer internamente (a terceirização de trabalhos ainda era embrionária no país), o Art já havia produzido títulos para a editora Globo (inclusive toda a criação da Revista da Xuxa), editora Cedibra, trabalhava em campanhas junto às maiores agências de publicidade, intermediava o licenciamento de mangás e quadrinhos de editoras independentes como First, Eclipse e Malibu Comics, tinha conseguido o feito histórico de estabelecer desenhistas brasileiros do quilate de Mike Deodato, Marcelo Campos, Hector Gomez, Watson Portela, Octávio Cariello, Luke Ross, Ed Benes e incontáveis outros no mercado internacional… Bom pra encurtar uma história longa, digamos a vida pra gente não estava só boa— estava uma verdadeira festa!

Foi quando chegou às minhas mãos Batman vs. Aliens, publicada pela editora Dark Horse. Capa fabulosa de Bernie Wrightson, arte interior idem. Eu cocei a cabeça e fiquei me perguntando por que diabos aquele material ainda não tinha sido publicado no Brasil. Como já contava com boa desenvoltura em meio a editoras como Marvel, DC e Image, contatei a Dark e perguntei sobre o licenciamento do título em terras tupiniquins. Prontamente me disseram que nenhuma editora brasileira o havia negociado.

A coceira na cabeça virou comichão no cérebro.

Com base em toda a experiência adquirida com as revistas de super-heróis na Abril desde 1979, e também com os incontáveis títulos que continuávamos produzindo, pensei: “E se a gente criasse uma editora pra publicar esse material?” Senti a adrenalina explodir nas veias, como sempre me acontece quando alguma coisa muito especial está em vias de acontecer. O Dori topou e, juntamente com Franco de Rosa, começamos a procurar um nome pra nova empresa. Editora Millenium? Alvorada? Alvorecer? Não. Tinha de ser algo diferente, que tivesse a ver com outras coisas que já tínhamos intenção de publicar caso a empreitada emplacasse. Foi quando surgiu o nome Mythos. MYTHOS! Sim! Claro! Esse era o nome! Não poderia ser outro! MYTHOS! Evocando a ideia de grandes aventuras, de grandes personagens… de grandes… mitos!

Depois de vários estudos, criamos o logotipo – um “M” estilizado, simbolizando a chama de um pira olímpica –, negociamos os direitos e lançamos Batman vs. Aliens!

Desnecessário dizer que foi um enorme sucesso. Negociamos mais títulos, alguns inclusive com os principais personagens Marvel em crossovers com heróis da editora Malibu, recentemente comprada pela Casa das Ideias. Mais sucesso! E então… bom… então isso tudo acabou incomodando demais a editora da arvorezinha, que na época detinha os direitos de todas as publicações Marvel e DC. Resultado: a alta cúpula da Abri proibiu a distribuidora Dinap (que pertencia ao grupo) de colocar nosso material em bancas… e, de quebra, perdemos o contrato de produção de revistas com a editora.

Aquilo, pra nós, foi um abalo grau 20 na Escala Richter. Recebemos a notícia perto do Natal e sentimos não só a ceia azedando, mas o mundo inteiro desabando sobre nossas cabeças. O que fazer? Já havíamos negociado vários outros títulos e pago por eles. Sem distribuição, não poderíamos lançar nada e ainda por cima ficamos sem um contrato que, a gente pensava, era vital pra nossa sobrevivência.

Foi quando surgiu uma luz no fim do túnel e não era um trem. Meio inseguros, contatamos a distribuidora Chinaglia, concorrente da Dinap. Eles nos receberam de braços abertos, adoraram nossas revistas e se dispuseram a distribuir tudo! Bom, a partir de então, a Mythos não parou mais. Na verdade, a perda daquele contrato com a Abril, um fato aparentemente terrível, nos deixou livres pra voar alto. E foi que aconteceu: além de títulos da Dark Horse, passamos a publicar material da DC, Marvel, Image, Bonelli… e, como a cereja do bolo, em 2001 fomos contratados pela Panini para produzir toda a sua nova linha de quadrinhos Marvel!

Pois é. Olhando pra trás, como não pensar que o tempo voa? Hoje, 20 anos depois, continuamos a toda, tão apaixonados pelo que fazemos como no primeiro dia, oferecendo a você, querido e fiel leitor, não apenas revistas e livros de papel, mas verdadeiros portais que levam a mundos distantes, a aventuras inesquecíveis, a personagens fascinantes – publicações criadas pra embalar o seu dia mais claro, a sua noite mais densa.

Por isso, neste momento de celebração, tomamos a liberdade de pedir a você que continue nos prestigiando com sua presença. Por mais uma década. Ou duas. Quem sabe três! Ou melhor, até o nosso querido Sol virar uma anã branca e, depois, uma anã negra na imensidão do espaço. Porque, como diria Bilbo Bolseiro, a estrada segue sem parar, e o agito da viagem… bom, esse vai ser sempre por nossa conta!

Helcio de Carvalho
Maio de 2017

Tags:

No responses yet

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *