CANCELAMENTO DE COLEÇÕES: ISSO É RUIM?

Olá Pards!

Este é o artigo referente ao vídeo do canal Colecionismo Tex intitulado “Coleções Canceladas: é mesmo ruim?”.

Cancelamento de coleções é algo até natural entre as editoras.

Basicamente funciona a fria lei de mercado de oferta e procura. Se não há procura a coleção tenderá ao cancelamento.

Essa falta de procura é indicada pelos índices de vendas. Nenhuma editora cancelaria algo que lhe dá lucro. Essa é a máxima.

Ao longo da vida editorial de Tex no Brasil houve muitos cancelamentos e vamos percorrê-los agora para contextualizar a questão. O primeiro cancelamento que Tex sofreu no Brasil foi nos anos 50, na fase Junior, quando a RGE cancelou a publicação do herói na revistinha nº 263, de julho de 1957, e passou a publicar outros personagens (o que equivaleu a sentença de morte editorial da Revista Junior).

Tex passou incólume pela Editora Vecchi nos anos 70 e início dos 80, chegando a lançar mais uma coleção, a Tex Mensal 2ª Edição (ou Reedição).

Com sua falência o personagem voltou à RGE/Globo. A Globo então cancelou o Tex Mensal 2ª Edição em seu nº 149 de março de 1988.

Dando início a novas coleções ela também cancelou sua pioneira proposta de publicar o Tex colorido no Brasil. A sua Edição Especial Colorida foi cancelada no nº 6 de dezembro de 1997.

O Tex então chegou à Mythos e permanece neste selo até hoje.

A Mythos Editora, permanecendo com o personagem há 25 anos, foi a editora que mais coleções ofertou aos fãs de Tex e, por natural consequência, foi a que mais coleções cancelou.

Sob a Mythos as seguintes coleções foram criadas e canceladas:

Tex e Os Aventureiros, até o nº 5 de outubro de 2005;

Os Grandes Clássicos de Tex, até o nº 30 de dezembro de 2010;

Especial de Férias, até o nº 11 de junho de 2012;

Gigante em Cores, até o nº 12 de setembro de 2016;

Tex Platinum, até o nº 36 de dezembro de 2021;

Tex Coleção, até o nº 506 de junho de 2022;

Tex Edição Histórica, até o nº 120 de julho de 2022;

Tex em Cores, até o nº 51 de julho de 2022;

Tex Edição de Ouro, até o nº 120 de novembro de 2022;

Superalmanaque Tex, até o nº 6 de abril de 2023; e As Grandes Aventuras, até novembro de 2023 com 20 fascículos publicados.

Bom, com todo esse histórico é natural que alguns colecionadores ficassem decepcionados e até irritados com os cancelamentos de suas coleções preferidas.

Mas, aqui cabe uma pergunta: será que os cancelamentos são ruins mesmo?

Os cancelamentos que mais causaram comoção entre os fãs foi o de Tex Coleção e mais recentemente o das Grandes Aventuras.

Mas é preciso passar uma vista desapaixonada pelo histórico das coleções e da estratégia de mercado para alcançar o que se passa com as editoras.

Iniciemos pelo Tex Coleção.

Para quem não sabe quando a RGE assumiu o personagem ela logo se empenhou em alinhar suas publicações com a sequência italiana, ou seja, a tal “ordem cronológica”.

Ela assumiu o Tex em seu nº 165, de outubro de 1983, obrigando-se a concluir a aventura iniciada pela Vecchi no número anterior. Depois, para ganhar um “tempo editorial” ela publicou uma história fechada no nº 166 do mês de novembro. Foi a partir do nº 167 (A Flexa Quebrada, sic.) que as publicações da coleção Tex Mensal (no Brasil) passaram a respeitar a ordem cronológica italiana – fixando o número de páginas em 114 –, com uma ou outra exceção como a aventura A Lança de Fogo que por ser uma história fechada a Globo trouxe como “edição especial” para o nº 200 brasileiro, tirando-a assim da ordem cronológica de publicação na Itália.

Mas onde entra o Tex Coleção nessa questão?

Pois bem, o Tex Coleção se alinhou cronologicamente com essa aventura publicada no nº 167 da mensal em seu nº 314 (A Flecha Partida) de agosto de 2012. Isso equivale dizer que até o nº 314 o Tex Coleção organizou a “bagunça” editorial que o Tex vinha sofrendo no Brasil. Em outras palavras, até o nº 314 o Tex Coleção organizou cronologicamente as edições de Tex no Brasil.

O que ocorre a partir daí (a partir do nº 314) é que o Tex Coleção passou a ser mera republicação do Tex Mensal.

No entanto, havia muitos colecionadores que passaram a fazer do Tex Coleção a sua principal coleção. Mas a ideia editorial dessa coleção não era essa. Quando a RGE/Globo pensou no Tex Coleção, eles pensaram em uma coleção organizadora e não em uma coleção principal.

Enquanto ficou com a Globo o Tex Coleção não teve maior destaque, não possuía edições especiais, não dava brindes.

Quando a Mythos assumiu o personagem ela percebeu que o Tex Coleção possuía um nicho de colecionadores e foi então que passou a dar o status de coleção principal ao Tex Coleção publicando edições especiais, coloridas, com mais páginas, pôsteres, brindes, etc.

Mas o fato é que por ter se tornado uma mera republicação o Tex Coleção perdeu o fôlego e até já havia sofrido uma interrupção antes do cancelamento definitivo em 2022.

O colecionador tem que procurar entender que coleções de republicações tendem a perder o fôlego e sofrer cancelamento. A história editorial mostra que não há coleção de republicação que tenha sobrevivido, embora seja impressionante a longevidade de Tex Coleção (justificado pelos motivos acima), Tex Edição Histórica e Tex Edição de Ouro.

Sobre o cancelamento de As Grandes Aventuras de Tex devemos correr as vistas sobre o histórico de Tex Ouro.

Essa coleção se iniciou com um tratamento diferenciado, dourado digamos assim, e sua proposta era republicar grandes aventuras (sendo possivelmente ela que “sufocou” Os Grandes Clássicos em 2010).

Com a publicação de As Grandes Aventuras de Tex, em 2019, passou a existir uma concorrência entre grandes aventuras da coleção Ouro e da AGATex. Natural que a primeira, que vendia menos, fosse cancelada.

Agora a Mythos investiu em Os Grandes Mestres. Quem seria a “pedra no sapado” das vendas dessa nova coleção?

Fácil compreender. Com um declínio de vendas (na verdade um desgaste editorial da coleção) era necessário dar fôlego a uma nova proposta editorial.

E é assim que o mercado editorial funciona!

Mas afinal, é ruim mesmo uma coleção cancelada?

Eu digo categoricamente que não! Coleção cancelada, leia-se completa, é um tesouro nas prateleiras. São registros históricos de um momento editorial do personagem.

Quem as tem possui uma preciosidade.

Muitos dos colecionadores que reclamaram do cancelamento de suas coleções não as tinham completas. O que seria mais saudável (digo pelo próprio hobby) sofrer ou correr atrás dos números faltosos?

Vamos lá pessoal!

Tex está vivo nas edições inéditas (essas sim não podem ser canceladas), mas as republicações são tesouros para guardarmos com carinho e se ainda fazem parte de coleções canceladas, digo, completas, melhor ainda.

É ou não é?

Veja o vídeo do Canal Colecionismo Tex que originou esse artigo: https://www.youtube.com/watch?v=xvC1QcHUN18&t=31s