Edições Raras: quais são e quanto custa”, Parte 2 – “Estratégias para Completar Coleções

Salve Pards!

Este é o artigo referente ao vídeo do canal COLECIONISMO TEX intitulado “Edições Raras: quais são e quanto custa”, Parte 2 – “Estratégias para Completar Coleções”.

Teceremos aqui uma estratégia de definição da(s) coleção(s) que o interessado deseja completar, fazendo uma análise por comodidade econômica e de espaço e, por fim, de memória afetiva do colecionador.

Aquisição das Edições

Bom, se você deseja colecionar Tex é óbvio que você é um fã do personagem (se você apenas gosta um pouco do Ranger tudo fica mais simples: tenha somente algumas edições avulsas na estante).

Mas se você é fã certamente vai querer ter uma ou mais (ou todas) as coleções do cowboy da lei.

Para definir quais coleções completar você precisa submeter esse desejo a dois fatores: qual espaço dispõe e como anda sua economia.

Coleções antigas como Tex Mensal, Tex Coleção, Tex Edição Histórica e Tex Edição de Ouro exigem bastante espaço. Para se ter uma noção de distância linear o Tex Mensal, a maior das coleções, forma uma longa fila de aproximadamente 4,50m, enquanto a Tex Coleção, segunda maior em proporção, chega a 3,10m.

A mais recente coleção de luxo Tex Gold, em capa dura com 60 volumes, mede 1,24m, sem falar do peso significativo devido ao papel couchet.

Definido o espaço agora é pensar na economia. Quanto você está disposto a pagar por seu item colecionável?

No artigo (vídeo) anterior, primeira parte deste conteúdo, abordamos o valor das edições raras das coleções de Tex e, em algumas delas, até mostramos o preço praticado dos números comuns nas mesmas coleções.

A estratégia viável para completar coleções longas é definir metas mensais, desde algo como “pelo menos uma edição por mês” a lotes de cinco ou dez.

Vamos tecer uma estratégia específica para quem deseja completar a coleção Tex Mensal, atualmente com 654 (mês de abril) números publicados.

Esta coleção iniciou-se em 1971 e seus primeiros 70 números são os mais valorizados.

Se você gosta dessa coleção muito provavelmente você já deve ter os últimos números, talvez até as 54 últimas edições.

A estratégia ideal para essa coleção é iniciar pelas últimas centenas. Neste caso a primeira meta é buscar a centena entre o número 500 a 599 e assim retroagindo sucessivamente.

Este caminho pode ser alcançado em lotes de cinco ou dez edições. Caso não se encontre algum número da dezena deixa-o para depois, podendo pegá-lo quando aparecer (o ideal) ou fazendo uma busca final pelos “buracos” deixados.

Talvez você não saiba, mas a partir do número 360 (em alguns casos antes mesmo dele) até o número 600 é possível encontrar essas edições em bom estado por R$ 5,00. Se comprar lotes grandes, de 50 a 100 edições, talvez ainda possa achar por melhor preço.

Ao chegar retroativamente no número 350 caberá continuar descendo pelas edições um pouco mais valorizadas da fase Globo (nº 350-207) e RGE (nº 206-165). Neste caso o compromisso mensal de edições adquiridas deve diminuir segundo a economia de cada um.

A fase mais dispendiosa é a fase Vecchi a partir do número 164, retroativamente. Neste caso não há muito que fazer até chegar ao número 70, tendo que pagar preços que irão variar de 15 a 25 reais por unidade, considerando ainda as edições especiais de números 70, 82, 88, 94, 100, 106, 112, 118, 124, 135, 150 e 160, que variam de 40,00 a 60,00.

A grande vantagem que a coleção mensal apresenta nessa fase inicial é a existência da Coleção Mensal 2ª Edição. Essa coleção surgiu em 1977 para atender a demanda dos colecionadores que haviam perdido a sequência inicial da coleção (1ª edição) no início da década de 70.

A 2ª edição foi tão eficiente e importante que até hoje ela atende ao mesmo desiderato dos colecionadores modernos de Tex!

Pois bem, a partir do nº 70, retroativamente, você poderá completar sua coleção mensal com os números da 2ª edição, tornando tudo economicamente mais leve.

Uma dica importante já alertada no artigo (vídeo) anterior: os números 82, 91 e 92 da mensal 2ª edição são absurdamente caros (se comparados à 1ª edição) e a partir do número 106 essa coleção fica inviável economicamente, além de haver uma alteração da numeração original a partir do nº 134.

Para a maioria das demais coleções não há a necessidade de retroagir, pois não há grandes valores a se pagar como vimos no artigo (vídeo) anterior.

A Tex Coleção é (embora seja a coleção mais importante de Tex no Brasil) a mais barata das coleções.

Os primeiros números não atingem mais que R$ 15,00 (o nº 1 em bom estado alcança a módica cifra de R$ 35,00) e a esmagadora maioria pode ser adquirido por R$ 5,00 a unidade.

Para encerrar este artigo (vídeo) eu gostaria de abordar um pouco dois aspectos psicológicos do colecionismo.

Um deles é a memória afetiva, já tratada especificamente aqui no Canal Colecionismo Tex. É a memória afetiva que determinará a coleção que você deseja fazer.

A outra questão é o valor do “objeto do desejo”. Colecionismo não tem explicação lógica já que envolve desejo, a propalada memória afetiva e aspectos do conservacionismo cultural e histórico.

Dessa forma não deixe que modismos narrativos, geralmente hipócritas, contestem o que você pode fazer com as suas economias.

Desde que você não esteja se prejudicando com dívidas só cabe a você e aos seus familiares coordenar as finanças particulares.

Muitos dos discursos ocos contra o consumismo, a acusação de transtorno obsessivo de acumulação e doutrinas filosóficas modernas de minimalismo (todos esses aspectos sérios e importantes, sem dúvida) podem mascarar apenas inveja de quem não pode fazer o que você faz.

Veja o vídeo do Canal Colecionismo Tex que originou esse artigo.

https://www.youtube.com/watch?v=28IUJw_mJf4

CANCELAMENTO DE COLEÇÕES: ISSO É RUIM?

Olá Pards!

Este é o artigo referente ao vídeo do canal Colecionismo Tex intitulado “Coleções Canceladas: é mesmo ruim?”.

Cancelamento de coleções é algo até natural entre as editoras.

Basicamente funciona a fria lei de mercado de oferta e procura. Se não há procura a coleção tenderá ao cancelamento.

Essa falta de procura é indicada pelos índices de vendas. Nenhuma editora cancelaria algo que lhe dá lucro. Essa é a máxima.

Ao longo da vida editorial de Tex no Brasil houve muitos cancelamentos e vamos percorrê-los agora para contextualizar a questão. O primeiro cancelamento que Tex sofreu no Brasil foi nos anos 50, na fase Junior, quando a RGE cancelou a publicação do herói na revistinha nº 263, de julho de 1957, e passou a publicar outros personagens (o que equivaleu a sentença de morte editorial da Revista Junior).

Tex passou incólume pela Editora Vecchi nos anos 70 e início dos 80, chegando a lançar mais uma coleção, a Tex Mensal 2ª Edição (ou Reedição).

Com sua falência o personagem voltou à RGE/Globo. A Globo então cancelou o Tex Mensal 2ª Edição em seu nº 149 de março de 1988.

Dando início a novas coleções ela também cancelou sua pioneira proposta de publicar o Tex colorido no Brasil. A sua Edição Especial Colorida foi cancelada no nº 6 de dezembro de 1997.

O Tex então chegou à Mythos e permanece neste selo até hoje.

A Mythos Editora, permanecendo com o personagem há 25 anos, foi a editora que mais coleções ofertou aos fãs de Tex e, por natural consequência, foi a que mais coleções cancelou.

Sob a Mythos as seguintes coleções foram criadas e canceladas:

Tex e Os Aventureiros, até o nº 5 de outubro de 2005;

Os Grandes Clássicos de Tex, até o nº 30 de dezembro de 2010;

Especial de Férias, até o nº 11 de junho de 2012;

Gigante em Cores, até o nº 12 de setembro de 2016;

Tex Platinum, até o nº 36 de dezembro de 2021;

Tex Coleção, até o nº 506 de junho de 2022;

Tex Edição Histórica, até o nº 120 de julho de 2022;

Tex em Cores, até o nº 51 de julho de 2022;

Tex Edição de Ouro, até o nº 120 de novembro de 2022;

Superalmanaque Tex, até o nº 6 de abril de 2023; e As Grandes Aventuras, até novembro de 2023 com 20 fascículos publicados.

Bom, com todo esse histórico é natural que alguns colecionadores ficassem decepcionados e até irritados com os cancelamentos de suas coleções preferidas.

Mas, aqui cabe uma pergunta: será que os cancelamentos são ruins mesmo?

Os cancelamentos que mais causaram comoção entre os fãs foi o de Tex Coleção e mais recentemente o das Grandes Aventuras.

Mas é preciso passar uma vista desapaixonada pelo histórico das coleções e da estratégia de mercado para alcançar o que se passa com as editoras.

Iniciemos pelo Tex Coleção.

Para quem não sabe quando a RGE assumiu o personagem ela logo se empenhou em alinhar suas publicações com a sequência italiana, ou seja, a tal “ordem cronológica”.

Ela assumiu o Tex em seu nº 165, de outubro de 1983, obrigando-se a concluir a aventura iniciada pela Vecchi no número anterior. Depois, para ganhar um “tempo editorial” ela publicou uma história fechada no nº 166 do mês de novembro. Foi a partir do nº 167 (A Flexa Quebrada, sic.) que as publicações da coleção Tex Mensal (no Brasil) passaram a respeitar a ordem cronológica italiana – fixando o número de páginas em 114 –, com uma ou outra exceção como a aventura A Lança de Fogo que por ser uma história fechada a Globo trouxe como “edição especial” para o nº 200 brasileiro, tirando-a assim da ordem cronológica de publicação na Itália.

Mas onde entra o Tex Coleção nessa questão?

Pois bem, o Tex Coleção se alinhou cronologicamente com essa aventura publicada no nº 167 da mensal em seu nº 314 (A Flecha Partida) de agosto de 2012. Isso equivale dizer que até o nº 314 o Tex Coleção organizou a “bagunça” editorial que o Tex vinha sofrendo no Brasil. Em outras palavras, até o nº 314 o Tex Coleção organizou cronologicamente as edições de Tex no Brasil.

O que ocorre a partir daí (a partir do nº 314) é que o Tex Coleção passou a ser mera republicação do Tex Mensal.

No entanto, havia muitos colecionadores que passaram a fazer do Tex Coleção a sua principal coleção. Mas a ideia editorial dessa coleção não era essa. Quando a RGE/Globo pensou no Tex Coleção, eles pensaram em uma coleção organizadora e não em uma coleção principal.

Enquanto ficou com a Globo o Tex Coleção não teve maior destaque, não possuía edições especiais, não dava brindes.

Quando a Mythos assumiu o personagem ela percebeu que o Tex Coleção possuía um nicho de colecionadores e foi então que passou a dar o status de coleção principal ao Tex Coleção publicando edições especiais, coloridas, com mais páginas, pôsteres, brindes, etc.

Mas o fato é que por ter se tornado uma mera republicação o Tex Coleção perdeu o fôlego e até já havia sofrido uma interrupção antes do cancelamento definitivo em 2022.

O colecionador tem que procurar entender que coleções de republicações tendem a perder o fôlego e sofrer cancelamento. A história editorial mostra que não há coleção de republicação que tenha sobrevivido, embora seja impressionante a longevidade de Tex Coleção (justificado pelos motivos acima), Tex Edição Histórica e Tex Edição de Ouro.

Sobre o cancelamento de As Grandes Aventuras de Tex devemos correr as vistas sobre o histórico de Tex Ouro.

Essa coleção se iniciou com um tratamento diferenciado, dourado digamos assim, e sua proposta era republicar grandes aventuras (sendo possivelmente ela que “sufocou” Os Grandes Clássicos em 2010).

Com a publicação de As Grandes Aventuras de Tex, em 2019, passou a existir uma concorrência entre grandes aventuras da coleção Ouro e da AGATex. Natural que a primeira, que vendia menos, fosse cancelada.

Agora a Mythos investiu em Os Grandes Mestres. Quem seria a “pedra no sapado” das vendas dessa nova coleção?

Fácil compreender. Com um declínio de vendas (na verdade um desgaste editorial da coleção) era necessário dar fôlego a uma nova proposta editorial.

E é assim que o mercado editorial funciona!

Mas afinal, é ruim mesmo uma coleção cancelada?

Eu digo categoricamente que não! Coleção cancelada, leia-se completa, é um tesouro nas prateleiras. São registros históricos de um momento editorial do personagem.

Quem as tem possui uma preciosidade.

Muitos dos colecionadores que reclamaram do cancelamento de suas coleções não as tinham completas. O que seria mais saudável (digo pelo próprio hobby) sofrer ou correr atrás dos números faltosos?

Vamos lá pessoal!

Tex está vivo nas edições inéditas (essas sim não podem ser canceladas), mas as republicações são tesouros para guardarmos com carinho e se ainda fazem parte de coleções canceladas, digo, completas, melhor ainda.

É ou não é?

Veja o vídeo do Canal Colecionismo Tex que originou esse artigo: https://www.youtube.com/watch?v=xvC1QcHUN18&t=31s